27 março 2008
Vem aí novo CD Hip Hop Made in Cabo Verde
25 março 2008
"A ilha dos Escravos" estreia em Cabo Verde
O filme "A ilha dos escravos", do realizador português Francisco Manso, chega aos cinemas já em Maio. A longa-metragem tem duas ante-estreias agendadas para Abril, uma em Lisboa, dia 4, e outra dia 26 em Cabo Verde.
A escravatura é o tema central do filme rodado no Brasil, Portugal e Cabo Verde. Entre os actores destacam-se os portugueses Diogo Infante, Vítor Norte e as brasileiras Vanessa Giacomo e ZéZé Mota. Do elenco fazem ainda parte os actores portugueses João Lagarto, António Capelo, os brasileiros Milton Gonçalves, Francisco Assis e os cabo-verdianos Josina Fortes e Luís Évora.
O argumento é de António Torrado e foi inspirado no romance "O Escravo", escrito em 1856 pelo português Evaristo de Almeida, desterrado em Cabo Verde. A história desenrola-se no século XIX, durante uma revolta de miguelistas exilados em Cabo Verde, e centra-se num triângulo amoroso envolvendo a filha de um fazendeiro, um escravo e um oficial miguelista.
O filme, que custou cerca de dois milhões de euros, tem garantida a distribuição no Brasil e em Cabo Verde e será também transmitido pela RTP, depois da exibição comercial.
Francisco Manso é autor, entre outros, do documentário "Clandestinos" (2000) e do filme "O Testamento do Sr. Napumoceno" (1997).
Prémio de Mérito Teatral será entregue no próximo dia 27 de Março
O Prémio de Mérito Teatral
O Prémio de Mérito Teatral foi criado em 1999 pela Associação Mindelact, para anualmente homenagear um grupo de teatro, particulares, empresas ou instituições públicas ou privadas que se destaquem pelo apoio e contribuição para o desenvolvimento das artes cénicas cabo-verdianas e tem como objectivo principal servir de incentivo para aqueles que, de uma forma ou de outra, tem contribuído para o melhoramento do nosso teatro. O prémio é representado por uma estatueta em bronze concebida pelo artista plástico Manú Cabral, a partir de um dos elementos que constituem o logotipo da Associação Mindelact, este por sua vez da autoria da artista plástica Luísa Queirós.É entregue no dia 27 de Março – Dia Mundial de Teatro – e a decisão cabe à Assembleia Geral, órgão máximo da Associação Mindelact.
Desde a sua fundação, em 1999, já foram contempladas as mais diversas áreas envolvendo as artes cénicas de Cabo Verde. Assim, no seu primeiro ano, o Grupo de Teatro Juventude em Marcha (produção teatral) e o Sr. Mário Matos (investigação), foram os premiados. Em 2000, foi a vez de Francisco Fragoso (encenação). No ano seguinte, 2001, a área destacada foi a da formação, com a Escola Salesiana de Artes e Ofícios e o Centro Cultural Português do Mindelo - IC. O jornal A Semana e a Rádio de Cabo Verde (promoção) foram os homenageados seguintes, tendo recebido o prémio em 2003. Depois foi a vez do Público do Mindelo, cujo prémio foi entregue, simbolicamente, à Câmara Municipal de S. Vicente. Em 2004, coube a vez ao Cine-Teatro Éden Park (infra-estrutura), hoje encerrado e com o seu futuro arquitectónico em risco. O mecenato não foi esquecido e o Banco Comercial do Atlântico, parceiro do festival Mindelact há muitos anos, foi a entidade homenageada em 2005. No ano passado, a artista plástica Luísa Queirós, foi contemplada, pelo seu trabalho como designer e ilustradora de cartazes e programas de teatro. 2007 é o ano da vertente técnica, com César Fortes.
Grupo de Teatro do Centro Cultural Português, o premiado de 2008
Desde 1993 o Grupo de Teatro do CCP do Mindelo - ICA, tem tido uma actividade bastante intensa na produção de espectáculos teatrais - já lá vão 30 produções teatrais diversificadas, quer a partir de textos colectivos, como por exemplo Nós, Pescadores, Eu Sou Teu Escravo?, Sonhos e Mancarra; quer pelo aproveitamento de textos de autores conhecidos para dramatizações 'crioulas', como o foram O Fantasma de S. Filipe, a partir de Oscar Wilde, O Último Dia de Um Condenado, a partir de Victor Hugo, A Birra do Morto de Vicente Sanchez, A Casa de Nha Bernarda e Sapateira Prodigiosa de Garcia Lorca, Os Dois Irmãos de Germano Almeida, Romeu e Julieta e Rei Lear de William Shakespeare ou O Médico à Força de Moliére; ou ainda através da concretização de co-produções com outros grupos ou entidades não cabo-verdianas, como o caso da peça As Virgens Loucas de António Aurélio Gonçalves, em 96, Os Velhos Não Devem Namorar, de Alfonso Castelao, co-produzido com o Grupo de Teatro Elinga de Angola em 1998, ou Cloun Creolus Dei, uma co-produção com o Teatro Meridional em 1999.
É o grupo mais produtivo da história do teatro cabo-verdiano, tendo acabado de estrear a sua 40ª Produção Teatral, A Última Ceia. Além disso, conta com mais de duas dezenas de participações em eventos internacionais, em países como Portugal, Espanha, França, Itália, Brasil e Holanda.
De salientar ainda o Prémio Teatral de Mérito Lusófono, atribuído pela Fundação Luso-Brasileira para o Desenvolvimento do Mundo de Língua Portuguesa, no final de 1996, "em reconhecimento do seu trabalho de formação e do seu esforço de cooperação com o teatro português". Prémio entregue numa cerimónia realizada na cidade brasileira do Recife.
É um dos três grupos fundadores do Festival Internacional de Teatro do Mindelo - Mindelact.
1999 - Grupo de Teatro Juventude em Marcha & Sr. Mário Matos
2000 - Francisco Fragoso
2001 - Escola Salesiana & Centro Cultural Português / ICA
2002 - Jornal A Semana & Rádio de Cabo Verde
2003 - Público do Mindelo
2004 - Cine-teatro Éden Park
2005 - Banco Comercial do Atlântico / BCA
2006 - Luísa Queirós
2007 - César Fortes
2008 - Grupo de Teatro do Centro Cultural Português - IC
Grupo de Teatro Dja d'Sal participa em evento internacional
A peça, co-escrita por Victor Silva e Gilberto Évora, será reencenada na quarta-feira, 26, num espectáculo para a comunidade cabo-verdiana residente na cidade de Faro, é escrita em crioulo e português e conta a história de um rei do Mar - Neptuno - que se apaixona por uma crioula, tendo como pano de fundo a cultura cabo-verdiana.
Além de Victor Silva, actor, dramaturgo e encenador, fazem parte da comitiva do Dja d’Sal os actores Kavi Inocêncio, Nelson Brandão, Celi Fortes, Stefania Duarte e Doriliana Ramos, mais o técnico de som e luz Tchida Silva e a figurinista Janine Duarte.
No I Festival Internacional de Teatro de Albufeira, que é gratuito e organizado por Grupo de Teatro Guizos e Grupo Cénico Quatro Ventos com o apoio da Câmara Municipal e Centro Comunitário de Paderne, participa também o grupo Os Guizos, com a peça «Dulce, a doce - ou a impossibilidade do teatro», na terça-feira, 25, no Auditório e a 5 de Abril no Centro Comunitário de Paderne, às 21h30.
Na noite do Dia Mundial do Teatro (27 de Março), o Grupo Cénico Quatro Ventos estreia «Com os Fantasmas não se brinca», no Centro Comunitário de Paderne, repetindo-se a 4 de Abril. Ambas decorrem pelas 21h30. No dia 29, o Auditório recebe, pelas 21h30, «Evita, Eva Péron», do Teatro Arte Livre de Vigo.
Domingo, 30, às 15h30, outra estreia no Centro Comunitário de Paderne, a de «O Pastorinho Amoroso - Fernando Pessoa para crianças», do grupo Os Guizos. A peça volta a subir ao palco a 6 de Abril. A peça japonesa «Hanjo», da Companhia Paulo Lage, está em cena ao ar livre, às 21h30.
Teresa Sofia Fortes
www.asemana.cv
21 março 2008
Mindelact 2008 - As inscrições já estão abertas

Sobre “A Última Ceia”
Repetindo, são 15 anos de trilha teatral e 40 produções. Números que dizem tudo, no que diz respeito a experiência artística.
Aproveito, por isso, para deixar aqui a minha opinião sobre essa mais recente criação cénica do mais antigo grupo mindelense em actividade.
Ouvi muitos "zunzuns" e opiniões dizendo que esperavam mais da peça. Eu poderia dizer o mesmo, mas não o digo porque aprendi que não se deve ir a um espectáculo depositando grandes espectativas. Devemos ir ao teatro pensando que vamos ver um bom espectáculo (nada mais do que isso), que vamos nos divertir (não confundir com rir), que vamos aprender algo, que cada espectáculo é um espectáculo e que cada peça tem sua história.
O Grupo de Teatro do Centro Cultural Português - IC já brindou o seu público (que cada vez mais cresce) com diversos tipos de espectáculo. Desde a comédia à tragédia, desde o teatro universal a peças baseadas e/ou inspiradas em escritores ou dramaturgos nacionais.
Acontece que a máxima “Teatro é vida” muitas vezes é confundida com agitação extrema, “adrenalina teatral”, ou mesmo pura palhaçada. O nosso público gosta muito de comédia mas já vai se acostumando com outros géneros, ou não seria o caso de muita gente já não se entusiasmar muito com as peças do grupo Juventude em Marcha (não querendo menosprezar o trabalho do mais prestigiado grupo nacional, pelo contrário). As componentes plástica e técnica impostas pelos grupos internacionais e pelos grupos nacionais mais experientes também têm feito desse público, que respira cultura, um público cada vez mais exigente. Tudo isso não se esquecendo dos cursos de iniciação do Centro Cultural Português que têm injectado mais qualidade nessa cena teatral.
À semelhança de “As Duas Irmãs”, peça apresentada pelo mesmo grupo há alguns anos atrás, “A Última Ceia” é uma peça alvo de uma aceitação selecta, embora com uma carga humorística mais elevada. Trata-se de uma peça baseada num texto inteligentemente escrito. Cabeu agora ao grupo, ao autor da adaptação e ao encenador um cunho pessoal e mais adaptado à nossa realidade. Daí algumas escapadelas a piadas com sabor recente e mais ou menos “a gosto do cliente”. O tema é actual e o fenómeno da “pertofobia” é um facto mais do que claro. O texto é delicioso e as personagens bem construídas. A diferença está, mais uma vez, na minha singela opinião, num desequilíbrio de interpretação, porém, desta vez, menos evidente que se tinha notado em “A Casa de Nha Bernarda (2007)”. O “encarnar” e “desencarnar” de personagens é um caso melindroso, extremamente difícil e que requer muito trabalho. Acontece que os actores dos grupos de teatro nacionais ou não têm tempo para fazer esse trabalho, por razões óbvias, ou os que têm possibilidade de o fazer não o fazem por razões menos óbvias. É uma chamada de atenção que começa no curso de iniciação teatral (de recordar que a maioria dos actores dos grupos de teatro mindelenses já passaram por essa formação). Porém, há “tiques” que são próprios das pessoas (não confundir com o actor) que ficam em qualquer personagem, o que exigiria ainda maior trabalho. Como exemplo, podemos perfeitamente ver o actor Lima Duarte, que já fez inúmeras novelas brasileiras, com personagens diferentes e bem trabalhadas, mas em que há essa marcas que sempre permanecem. O trabalho do actor é diário e constante. Não é à toa que João Branco se considera mau actor. Mas no caso desta peça, demonstrou precisamente o contrário. Mesmo que seu personagem não tenha um grande destaque, é o que mais se destaca, pela brilhante actuação e, talvez por se encontrar numa dimensão diferente da história. Aí sim, há um trabalho de actor. João Branco está aí irreconhecível. Não se ouve a voz do João Branco, não se reconhece a postura do João Branco, não se sente o “espírito” do João Branco. Vê-se sim alguém que não tínhamos conhecido até o momento que ele representa. De tirar o chapéu. É desse trabalho que falo. Por outro lado vê-se outros actores, uns com mais ou menos trabalho, por razões que já disse, óbvias, mas que, por instantes, deixam no ar um déja-vu. Não que seja um problema desse grupo. Não! É um mal geral e é necessário que admitamos isso, para que possamos melhorar nosso desempenho enquanto actores.
Do ponto de vista técnico, um trabalho a levar em conta. A ter mesmo como exemplo. Um trabalho plástico de grande qualidade, tanto no que diz respeito ao desenho de luz, passando pela luminotecnia (parabéns, Edson), como na criação cenográfica. Acho que aí não conta somente os anos de experiência. Conta também a criatividade das pessoas envolvidas. Não esquecer também da trilha sonora bem estruturada e um trabalho de caracterização, como o brasileiro diz, para não botar defeito.
Isso tudo para dizer, de uma forma resumida, que, no geral, a peça é um feito teatral. Diferente de muitas peças que esse grupo nos tem acostumado, o que demonstra uma clara maturidade. Maturidade essa que todos os grupos teatrais do Mindelo estão a demonstrar quando apresentam um trabalho com cada vez maior qualidade, nos mais diversos géneros teatrais que se possa imaginar. O importante é respeitar e saber apreciar o trabalho de cada um, sem se sentir superior aos demais.
10.000 A.C. - Ficha Técnica
Título Original: 10,000 B.C.
Género: Aventura
Duração: 109 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Nova Zelândia): 2008
Estúdio: Warner Bros. Pictures / The Mark Gordon Company / Centropolis Entertainment / Legendary Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Realização: Roland Emmerich
Argumento: Harald Kloser e Roland Emmerich
Produção: Roland Emmerich, Mark Gordon e Michael Wimer
Música: Harald Kloser e Thomas Wanker
Fotografia: Ueli Steiger
Direcção Artística: Robin Auld, Michael Berg, Jules Cook, Hayley Easton, Fleur Whitlock e Marc Homes
Guarda-roupa: Renée April e Odile Dicks-Mireaux
Montagem: Alexander Berner
Efeitos Especiais: 2e Effects / Double Negative / Machine / Gentle Giant Studios / Moving Picture Company / Patrick Tatopoulos Design / Tatopoulos Studios / The Senate Visual Effects / StarCrest Media
Elenco
Steven Strait (D'Leh), Camilla Belle (Evolet), Cliff Curtis (Tic Tic), Joel Virgel (Nakudu), Affif Ben Badra (Warlord), Mo Zinal (Ka'Ren), Nathanael Baring (Baku), Marco Khan (One-Eye), Reece Ritchie (Moha), Joel Fry (Lu'kibu), Omar Sharif (Narrador), Kristian Beazley (Pai de D'Leh), Junior Oliphant (Tudu), Mona Hammond (Mãe idosa)
Site Oficial: http://www.10000acofilme.com.br (para ver o extraordinário trailer)
10.000 A.C. é o mais recente filme dirigido por Roland Emmerich

Vem aí mais uma mega produção dirigida por Roland Emmerich (O Dia da Independência e O Dia Depois de Amanhã).
7.º Livro de Harry Potter será transformado em dois filmes

Morreu o realizador Anthony Minghella

"Tropa de Elite" será série televisiva

19 março 2008
Bana vai ter pensão de Cabo Verde
Sem precisar o montante, aquele governante assegurou que a pensão a atribuir a Adriano Gonçalves, vulgo Bana, “vai pelo menos ajudar a suportar parte das despesas” necessárias para custear o tratamento de que ele necessita neste momento. “Vai-se atribuir uma pensão digna, está-se neste momento a equacionar o montante”, acrescentou.
Ontem o “a semana online” revelou que Bana se encontra há vários dias acamado, padecendo de diabetes e outras enfermidades, carecendo de “cuidados continuados” numa clínica ou hospital, mas que para isso necessita de recursos financeiros que não possui.
“O Ministério da Cultura lamenta o estado de saúde deste grande senhor da cultura cabo-verdiana”, afirmou Manuel Veiga, quando contactado por este diário digital. Veiga recorda que Bana foi um dos pioneiros da internacionalização da música cabo-verdiana. “A voz dele representou muito bem a nossa cultura. Nesta hora a cultura cabo-verdiana sente-se constrangida. Formulamos votos que seja uma fase passageira e ele possa recuperar a sua saúde”.
Uma outra fonte confidenciou que a resolução que irá atribuir a Bana a pensão do Estado cabo-verdiano está a ser tratada com carácter de urgência, devendo ser publicada dentro em breve no Boletim Oficial. A ideia é atribuir a Bana o mesmo tratamento conferido em situações do género a outros cidadãos que deram o seu contributo para a afirmação cultural de Cabo Verde – casos de Manuel Lopes, Luís Romano e João Manuel Varela (João Vário), por exemplo.
Cise recupera e retoma digressão em breve
Cise esteve em observações num hospital de Sidney até seguir para França onde se encontra a recuperar bem. Devidamente autorizada pelo seu médico, a intérprete seguirá em breve para a Rússia, onde tem programada uma série de espectáculos.
Algumas actuações na Austrália e a participação, agendada para o próximo Domingo, no Festival Cultural Zacatecas, no México, foram desmarcadas.
No mesmo ano em que lançou Rogamar (2006), a vencedora de um Grammy na categoria World Music tinha sido submetida a uma pequena intervenção cirúrgica após a qual retomou, sem percalços, a sua carreira.
Cesária Évora nasceu no Mindelo, a 27 de Agosto de 1941 e iniciou a sua carreira musical já em idade avançada.
17 março 2008
GTCCP - IC é Prémio de Mérito Teatral 2008
BOCA D'CENA
12 março 2008
Novos Inquéritos da SARRON.COM
11 março 2008
Afinal, o Musical veio para ficar
Tambla: “O Cinema feito por cabo-verdianos está a viver um bom momento”
Tenho sido surpreendido por muitas revelações. A pesquisa que tenho feito envolve sobretudo a ilha de S. Vicente, mas gostaria também de pesquisar sobre o cinema nos outros concelhos do país. Acho que esta é uma questão tão importante quanto a questão de preservação de edifícios históricos, também é um património, neste caso um património humano e imaterial, de valor extraordinário.
É pena que nem os institutos culturais nem as câmaras municipais têm interesse por esta área. Mas alguém tem de fazer este trabalho e acredito que eu e todos aqueles que têm curiosidade por esta área, por exemplo o senhor Rui Machado, Dany Mariano, que tem procurado restaurar alguns documentos, pessoas que têm guardado em suas casas e que vêem nelas valor, podem fazer alguma coisa.
- Além de existir salas de cinema em Cabo Verde, que neste momento estão todas encerradas mas que em décadas passadas projectaram filmes de vários países, pode-se dizer que existe um cinema cabo-verdiano?

Não acredito que o cinema cabo-verdiano tenha existido em algum momento. Olha, ainda hoje se diz que o continente africano não tem uma cinematografia porque ainda há pouco material. Só recentemente, com a realização do Fespaco se passou a estimular a produção de um cinema de cunho africano. Mas é complicado definir um cinema africano porque a própria África é muito plural, o que dificulta as coisas. Algo parecido acontece em Cabo Verde: não temos produção suficiente para ter uma cinematografia cabo-verdiana.
Mas acredito (e esta é uma visão muito positivista das coisas) que faço parte de uma geração que pode vir a construir uma cinematografia cabo-verdiana. Outras pessoas tentaram fazer isso noutros momentos, mas por diversas razões desistiram. Essas pessoas, que participaram nos filmes dos anos 50 (pelo menos que eu tenho conhecimento), por exemplo António Ponchinha e Gabriel Borges, são hoje praticamente desconhecidas e não se tem acesso ao material que produziram e nem se sabe ao certo se este ainda existe.
- Por que terão desistido: limitações financeiras? Inexistência de políticas para o sector?
Foram várias as razões. Alguns desistiram devido a desmotivação. É aquela velha história: não faças nada porque em Cabo Verde a actividade artística não dá nada. Temos provas que apontam no sentido contrário, exemplos heróicos de pessoas que decidiram se assumir plenamente como músicos, bailarinos, actores. Falta isso em relação ao cinema, neste momento. Eu me identifico como cineasta com toda a afirmação e atitude e justifico porquê.
- Assim, aproveitando a deixa, pergunto-lhe: porquê se identifica como cineasta?
Por isso, nós que somos cabo-verdianos temos que assumir esta área e continuar a trabalhar, com teimosia como é o caso de Mário Benvindo, Paulo Cabral, Júlio Silvão, Boss, Jean Gomes, que fazem os seus documentários aqui no território nacional, Ana Lisboa, Guenny Pires, que estão fora do país mas continuam a fazer um trabalho focado no país. Não são os filmes como Fintar o Destino, O Testamento do Senhor Napumoceno ou outros filmes feitos por estrangeiros que vão contribuir para o aparecimento de uma cinematografia cabo-verdiana.
- Afirmou num artigo que foi recentemente publicado no Suplemento Kriolidadi, do jornal A Semana, que, e passo a citar, “se o filme da história da exibição em salas é do género cómico-dramático com um final estupidamente trágico, a história da produção faz o caminho exactamente inverso”. O que quis dizer com isso?
Eu tenho como grande referência o Henrique Pereira porque ele foi um grande apaixonado por cinema, um sonhador, que pôs o seu filme às costas para poder mostrá-lo a todos os seus conterrâneos. Mas a história dele acabou em tragédia: o seu material foi confiscado e ele desiludiu-se e desanimou, pois não era fácil (e continua a não ser) a montagem de uma grande produção para fazer um filme aqui em Cabo Verde. Sabe, aquela casa velha que fica bem ao lado da Mediateca, que está bastante degradada, serviu de cenário de alguns filmes. O Clube de Ténis de São Vicente era o centro de produção. Mas, todos esses esforços foram apunhalados. E nem é preciso ir tão longe para ver que as condições não mudaram muito desde então. Vejamos o caso de Leão Lopes, que fez o filme “Ilhéu de Contenda com vontade e esforço extraordinários e que acabou por ter uma relação estranha com o próprio cabo-verdiano. Não foi dada autorização para o filme ser exibido nas salas de cinema de Cabo Verde por questões de produção, e consequentemente a maioria dos cabo-verdianos não viu o filme.
Entretanto, posso dizer que agora estamos a viver um bom momento. Embora sem salas de cinema, as pessoas estão a procurar espaços alternativos para exibir os filmes. Temos neste momento casos de várias pessoas que estão a filmar, a realizar, a fazer cinema, mesmo com orçamentos muito apertados. E o seu trabalho está a ser reconhecido. Por exemplo, o documentário de Júlio Silvão “Batuque: a alma de um povo” é espectacular tanto como filme como material antropológico. O filme de Mário Benvindo - Rua Banana - tem um início que é o melhor que já vi em filmes feitos por cabo-verdianos, espectacular. “O Percurso do Outro”, de Guenny Pires é tecnicamente muito bem trabalhado, o que indicia que ele está muito bem preparado e tem grande maturidade. Eu estou a fazer um trabalho experimental, uma espécie de versos em forma de cinema, com a ideia de fazer uma homenagem a todos os meus ídolos como os mestres Charlie Chaplin, Brad Cash, Glauber Rocha, Alexander Sokurov, Sergei Einsensteins e Artazvad Pelechian.Curiosamente, apesar desta vaga de produção cabo-verdiana, não há uma aposta, não há uma política estatal para a área. A quem podemos recorrer para conseguir apoios e angariar recursos? O que temos feito é apoiar uns aos outros, funcionando como uma espécie de cooperativa. Ou seja, está no ar uma boa esperança e acredito que mais cedo ou mais tarde vai aparecer alguém que investirá no cinema, que dará um passo à frente e apostará no cinema feito por cabo-verdianos.
Se os empresários nacionais apostam em festivais de música, em que o seu nome aparece uma só vez, porque não apostam num filme ou documentário que vai ser projectado várias vezes e, logo, todas as vezes o seu nome vai aparecer? Mas o problema não é apenas falta de ajuda financeira, falta também apoio institucional do Ministério da Cultura. Não imagina as dores de cabeça que os cineastas cabo-verdianos sofrem quando saem para o exterior só pelo facto de não termos um instituto de cinema e de não sermos acompanhados por nenhum representante do Ministério da Cultura. Eu quero crer que isso é porque o MC não está a conseguir acompanhar a nossa dinâmica. Mas não é só isso, o MC precisa ser mais atencioso para com os artistas, nomeadamente os cineastas.
Muitas vezes, tratam-nos como párias, nem se dignam a responder sim ou não aos nossos projectos. Por exemplo, as mostras de cinema que temos organizado, em que mostramos o nosso trabalho. Não é como aqueles encontros de cinema que têm sido organizados em Cabo Verde, mas a partir do estrangeiro. Ou seja, nesses casos apenas damos casa pa boi. Há tempos, em conversa com a D. Maria Luísa, uma das proprietárias do Éden Park, que tudo fez para evitar o encerramento e a venda, já quase concretizada daquele espaço, perguntei-lhe: qual a solução para o cinema em Cabo Verde? Ela disse-me: a partir do momento que Cabo Verde tiver produção cinematográfica própria, passaremos a viver um momento inverso a este, em que todas as salas de cinema estão fechadas. Às vezes, encontro-me na rua com pessoas que se mostram indignadas com o facto de não estar a funcionar sequer uma sala de cinema.
- Qual a solução para este problema de falta de salas de cinema a funcionar?
Uma das alternativas é a criação de cine-clubes que, reunidos, podem no futuro, ser uma grande projecto. É um trabalho como o da formiga, leva tempo mas dá bons resultados. É pena que não tenhamos tido capacidade para dar conta do perigo que corria o Éden Park. No entanto, há que ressalvar que o Éden Park é um património desta cidade, nacional, mas também é um património de uma família. Ouvi dizer que o projecto que o futuro novo dono tem, que será uma espécie de centro comercial, inclui salas de cinema. Bem, espero que sim. Mas o problema não é só esse.
- É a história que se fez no Éden Park que está também em causa, não é?
Sim. Infelizmente, não vi a Câmara Municipal de São Vicente a fazer muitos esforços para impedir a venda nem o Ministério da Cultura e o governo nacional em geral a tomarem qualquer iniciativa para que se conservasse o Éden Park. A D. Maria Luísa aguentou o quanto pode essa situação de crise, que era bastante complicada. Ela é uma apaixonada pelo cinema, fala disso sempre com emoção e é com muita pena que está a desfazer-se do Éden Park, uma sala que ela ama. Em suma, creio que faltou um bocadinho de esforço também da nossa parte, nós os cidadãos e entidades públicas. Espero que a pessoa que vai comprar o Éden Park seja sensível à importância que o edifício tem para a história da cultura cabo-verdiana.
- Segundo sei, a Câmara de São Vicente projecta criar uma cinemateca, para tentar minimizar a perda do Éden Park. O que acha disso?
É uma boa ideia, mas uma cinemateca não vai nem pode substituir o Éden Park ou outras salas de cinema. A cinemateca é uma instituição cuja missão é cuidar da cinematografia de um país. Na minha opinião, está se a tratar do assunto com uma certa leviandade. Imagine, trouxeram a Fátima Antunes a S. Vicente para falar de cinemateca e a primeira questão que se discutiu é onde vai ser instalada a cinemateca. Porquê, se ainda nem temos um conteúdo para rechear essa futura cinemateca? Uma cinemateca é bem diferente de uma sala de cinema, pode funcionar em qualquer sala mas tem que ter produtos cinematográficos. Mas queria dizer uma coisa: as pessoas falam muito do Éden Park mas esquecem-se do Parque Miramar. Ninguém se lembra que foi comprado pela Igreja Universal do Reino de Deus, na altura não foi levado em conta o seu valor patrimonial. Depois a IURD mudou-se para um edifício construído de raiz e o Parque Miramar foi fechado e continua assim e em avançado estado de degradação. É uma imagem dolorosa.
- E a outra ideia de criar um museu do cinema? Neu Lopes escreveu recentemente no blog da sarron teatro que a D. Maria Luísa está disponível a ceder todo o material que tem.
- Em que deve apostar os cineastas cabo-verdianos: ficção ou documentário?
É indiferente. Ficção ou documentário, o que importa é que seja um projecto credível, que consegue convencer o mercado e as pessoas que podem financiar o mesmo. Quer seja documentário, ficção, animação, experimental, tudo é cinema. À partida, parece mais fácil fazer um documentário, pois basta ter uma camera, mesmo aquelas embutidas nas máquinas fotográficas, e ir fazendo o meu filme, e com qualidade.
- Você é o director do Oiá, ciclo de documentários anual. Mas, também, tens projectos pessoais de documentários. Pode nos dizer quais?
Quando eu decidi que queria ser cineasta e comecei a investir na minha formação, quis fazer tudo com muita pressa, esquecendo-me que tudo tem o seu ritmo. Tem feito pesquisa sobre cinema, tenho estado envolvido na organização de mostras de cinema, cineclubes, mas também tenho as minhas produções. O pessoal do cinema que me conhece, tanto nacional como internacional, me chama “Tambla Rabidante” porque tenho um projecto de um documentário intitulado “Rabidante”, que já deve estar cansado de estar na gaveta e amarelado. Mas, a verdade é que quero fazê-lo com calma e bem, pois é uma grande homenagem que quero fazer ao povo da ilha de Santiago, que é o meu povo, a ilha onde nasci e pela qual tenho um sentimento especial. Estou neste momento a criar estruturas e reunir meios para fazê-lo. Fora isso, estou a fazer os meus filmes poéticos, a série Poeira & Poesia. Deveria já estar a filmar Blimund, mas eu e o Boss tivemos alguns contratempos, por isso estamos atrasados.
Portugal ratifica Acordo Ortográfico
A decisão, que ainda terá de ser sujeita à apreciação do Parlamento e do Presidente da República, Cavaco Silva, foi anunciada pelo ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, no final do Conselho de Ministros.
"O Estado português adoptará as medidas adequadas para garantir o necessário processo de transição, no prazo de seis anos, nomeadamente ao nível da validação da ortografia constante dos actos, normas, orientações ou documentos provenientes de entidades públicas, bem como de bens culturais, incluindo manuais escolares, com valor oficial ou legalmente sujeitos a reconhecimento, validação ou certificação", lê-se no comunicado do CM.
Candidatura da Cidade Velha: Aspecto técnico do dossier já foi aprovado pela Unesco

Manuel Veiga explicou que, com a resposta positiva ao aspecto técnico do dossier, começa agora uma segunda fase que consiste em preparar a visita, em Outubro, de uma comissão enviada pela UNESCO para avaliar in loco os argumentos apresentados e comprovar a existência de condições para sustentar o título, caso ele venha a ser atribuído.
Interpelado quanto à existência de um plano B, caso o pior venha a acontecer, o ministro revelou a intenção de nesse caso Cabo Verde avançar para uma candidatura a património natural. “Temos várias opções com possibilidades de concorrer a património natural como, por exemplo, as salinas do Sal, a cratera do vulcão do Fogo, os vales de Santo Antão... Mas tudo isso ainda está a ser estudado”, esclareceu Veiga antes de garantir que, mesmo que a Cidade Velha não receba o titulo da UNESCO, o Governo vai continuar a investir no local e, sobretudo, no património humano, tendo em vista o turismo cultural e não só. “ Mas nós não temos dúvidas que Cidade Velha é património”, concluiu.
Ainda na corrida a Património Mundial, brevemente, terão início obras de requalificação do bairro de S. Sebastião, junto a Sé Catedral, também vai ser criado um centro de apoio à produção agro-pecuária local.
Poesia cabo-verdiana nas bancas, por uma boa causa
Poucos dias depois de estar nas bancas, a aceitação "tem sido óptima" menciona Rosa Costa, médica que coadjuvada pelo jornalista Francisco Fontes, é responsável pela organização e coordenação de um projecto que terá a duração de três anos e cujos fundamentos se baseiam na recolha de fundos para beneficência na área da saúde, principalmente centrados na ajuda à região de Bafatá, no leste da Guiné-Bissau.
O livro, com desenhos do português António Alves e do cabo-verdiano Tchalé Figueira, reúne a colaboração de seis autores portugueses e nove cabo-verdianos: Alluos Sollau, Rosa Costa, Pintor Abrunheiro, Duarte Klut, Joana Patrício Pereira e Fernando Gomes (Portugal) e Vasco Martins, Lay Lobo, Chissana Magalhães, Eileen Barbosa, Tchalé Figueira, Margarida Fontes, Elisa Schneble, Edmir Ferreira e J.H. Brito Pereira (Cabo Verde).
A obra foi lançada no decorrer de um recital de poesia, intercalado por música de Portugal e de Cabo Verde, e pela projecção de imagens da Guiné-Bissau.
10 março 2008
GTCCPM-IC Apresenta "A Última Ceia"
Sinopse
É o último dia do milénio: três homens e duas mulheres apostam tudo. As probabilidades não são muitas. Se não tiverem sorte, perdem. Se tiverem sorte, perdem. Porque o mundo vai acabar ao bater da meia-noite. É o próprio Diabo quem o diz. E o Diabo, como todos sabemos, nunca mente.
Ficha Artística
Encenação, Direcção Artística e Cenografia
João Branco
Adaptação Dramatúrgica
João Branco
(Adaptação do romance «Apocalipse Nau», de Rui Zink)
Direcção Plástica e Figurinos
Elisabete Gonçalves
Iluminação e Assistente de Encenação
Edson Fortes
Peça Cenográfica
Manuel Estevão
Interpretação
Arlindo Rocha
Elisabete Gonçalves
Elisio Leite
João Branco
Manuel Estevão
Silvia Lima
Mário Lucio Sousa assina o segundo volume da Colecção Dramaturgia Nacional

Na passada Sexta-feira, 7 de Março, deu-se o início oficial do Março Mês do Teatro 2008 com o lançamento do segundo volume da Colecção Dramaturgia Nacional, com cinco peças de Mário Lúcio Sousa, em que quatro já foram levadas ao palco: "Adão e as Sete Pretas de Fuligem", "Salon", "Sozinha no Palco" e "Vinte e Quatro Horas na Vida de um Morto". A outra peça intitula-se "Diálogos com Satanás". Trata-se de mais uma acção conjunta da Associação Mindelact e do Instituto Nacional da Biblioteca e do Livro. Recorda-se que já havia sido lançado um primeiro volume com peças escritas por Espírito Santo da Silva.
Março Mês do Teatro 2008 em marcha
Em relação aos espectáculos, pouco há para falar. Três companhias de teatro mindelenses não participam no certame, a saber, Atelier Teatrakácia, Companhia de Teatro Solaris e Sarron.com - Companhia de Teatro. Razões de vária ordem estiveram nessa decisão. Porém pode-se ver essa decisão de uma forma positiva, uma vez que será a oportunidade dos mindelenses verem teatro em épocas diversas, não ficando à espera de dois certames por ano: o Março Mês do Teatro e o Festival Mindelact.
A abrir o programa de espectáculos, o Grupo de teatro santantonense Juventude em Marcha apresentou, em reposição, a peça Jazid d'Bóca de Pistola, com sucesso garantido e sala cheia. Foram momentos de incontestável humor, num espectáculo que retrata a vida de pescadores e dos que os rodeiam na pequena vila piscatória da Ponta do Sol. Um espectáculo que também serviu para homenagear a mulher cabo-verdiana e santantonense na pessoa da Sra. Ana d'Aninha.
No próximo fim desemana será a vez do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português - Instituto Camões apresentar a sua 40ª Produção Teatral, A Última Ceia, baseada na obra de Rui Zink, "Apocalipse Nau".